A Loja
Prefere que lhe façam uma desfeita, ou uma meia-desfeita? A pergunta nem contém dilema, e se a sua escolha é a óbvia, o lugar de Lisboa com a melhor resposta fica na Rua dos Correeiros, aquela dos restaurantes porta-sim, porta-sim. O bacalhau é a especialidade desta casa, que ganhou a lealdade dos lisboetas não só pelo prato costumeiro e bem confeccionado, mas por ter sido porto de abrigo de uma certa boémia que desaguava à Baixa. Estava aberto 24 sobre 24 horas. Não fechava nem esmorecia.
O próprio João do Grão, um galego, é uma figura envolta em lendas e histórias várias, na sua maioria difíceis de verificar. Não foi aqui que primeiro abriu o seu restaurante, nem há acesso às datas precisas da sua aventura. No rótulo do vinho branco e vinho tinto da casa lê-se “restaurante centenário”, mas o que se sabe é que a passagem para a morada actual só terá acontecido no início do século passado. Se foram 110 ou 120, o importante é que acabemos sempre a erguer o copo num brinde.
O João do Grão, seja quem tenha sido, deixou saudades ao partir. Os trovadores do bairro dedicaram-lhe umas quadras:
«Numa noite d´invernia
Fui ao Alto de S. João
Visitar a campa fria
Do antigo João do Grão
Acompanhou a romagem
O amigo José Borralho
Comemos meia-desfeita
E voltámos pró trabalho.»
Assim ficou eternizado no Parque Mayer, numa revista com o seu nome, interpretada por Mello Lapa, António Silva, Vasco Santana e Ribeirinho, popular nos anos 40.


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& Serviços
Restaurante tradicional, com pratos típicos portugueses.