A Loja
Está gravado na memória de muitas famílias lisboetas o ritual domingueiro de ir aproveitar o sol para os jardins de Belém e lanchar um pastel; ou a variação fim de tarde, em que o pretexto podia ser ver a fonte de água colorida e comer um pastel. Havia ainda a hipótese de visitar o Mosteiro e comer um pastel e, mais recentemente, de ver uma exposição ou um espectáculo no CCB, e depois terminar a noite com um pastel. A verdade é que o pastel ia bem com praticamente tudo que se pudesse ir fazer a Belém, o que polvilhou para sempre as nossas melhores memórias com açúcar e canela. Aliás, quem diz “um”, mente. Todos sabemos que nunca é só um.
A história do estabelecimento começa com a revolução liberal de 1820, e um despejo polémico. Em 1834, conventos e mosteiros foram encerrados, e o clero expulso. Foi justamente alguém que, expulso do Mosteiro dos Jerónimos, foi pôr à venda os pastéis que conhecia numa loja de refinação de cana de açúcar que ali havia, junto ao Mosteiro. A receita deve ter certamente agradado a muitos porque, em 1837, inicia-se o fabrico dos Pastéis de Belém como o conhecemos hoje.
A receita tem passado de mestre pasteleiro em mestre pasteleiro sem que nunca saia da “Oficina do Segredo”. Será do creme? Será da massa folhada? Certamente o lugar ajuda, ou a mítica embalagem, o longo prisma hexagonal que nos dava a desculpa perfeita para não levar só, nem dois, nem... toda a gente sabe que completando a caixa com os seis pastéis, eles encaixam perfeitamente uns nos outros e chegam ao destino intactos, perfeitos para serem devorados num instante que parece sempre inconcebivelmente curto.
“- O quê, já não há mais?”
Ainda bem que alguém se lembrou de trazer duas caixas...
Produtos
& Serviços
Pastelaria de fabrico próprio.