Panificação Mecânica

A Loja

 É um facto que a grande concentração de Lojas Com História dá-se na zona da Baixa e do Chiado, o que diz bastante acerca da forma como a cidade cresceu, de um centro a que hoje chamamos “histórico” rumo à periferia, adicionando anéis urbanos e comerciais que, com o tempo, se tornam eles próprios em novos centros. Campo de Ourique pode ser considerado um desses novos centros alheio ao centro, um bairro autónomo com uma vida própria que o torna célebre na cidade. Este renome que tem Campo de Ourique deve-se sobretudo ao que chamamos informalmente a sua “vida de bairro” e, para tal, muito contribui a manutenção da diversidade e qualidade do comércio tradicional. Nesse sentido, neste entorno de talhos e mercearias e oficinas onde se salvaguarda a encadernação manual, e outros pequenos negócios, encontramos desde 1942 a Panificação Mecânica.

Localizada num edifício classificado, os seus três pisos revestidos a azulejo, a montra em ferro, as janelas em arco, são tudo aspectos que o tornam num lugar a visitar. A sua origem remonta ao início do século: o primeiro registo data de 1902, altura em que a Companhia de Panificação Lisbonense, submete à CML um projecto para ocupar o logradouro com uma casa de fornos. só depois a panificadora “Nacional” se apropriou do local e o transformou numa padaria. Mais tarde foi comprada por uma sociedade, e então ganhou o nome que hoje tem. O negócio nunca parou de crescer: hoje a Panificação Mecânica é sustentada pelo trabalho de quarenta e um funcionários, e deixou de ser só uma padaria, pois foi introduzida a pastelaria e o serviço de refeições. Para tal, o espaço da loja não chegaria, havendo também o espaço de produção; não só para venda no local, mas também para fornecer para fora.
O interior prima pela inspiração Arte Nova, com azulejos da Fábrica Bordalo Pinheiro. Destacam-se os estuques do tecto e a harmonia conseguida entre ferro, madeira, vidro e o já referido azulejo. Os motivos representados são vegetalistas, como é característico da Arte Nova, com enfoque no trigo, que nos remete obviamente para a confecção do pão, da qual este lugar é catedral.