A Loja
Desde 1922, foi café de eleição de muitas das famílias que beneficiaram do projecto das avenidas novas, e como este ampliou não só o espaço, mas a vida social e cultural da cidade. Foi primeiro grande café deste bairro, de tal forma que ainda hoje grande parte da clientela dos fins de semana são antigos residentes que voltam para matar saudades e mostrar à família. As avenidas novas mudaram bastante, e entre os anos 80 e 90, a ocupação residencial diminuiu muito, o que mudou fortemente a vida do café. De tal forma que, nos anos 80, a Versailles faliu. Foi então adquirida por uma sociedade, pertencendo hoje a nove sócios.
Sendo um lugar especial pela vida que tem a qualquer hora do dia, a hora de almoço é uma azáfama boa de ver. Oito empregados atrás do balcão e outros seis a servir às mesas, numa coreografia acelerada mas tão bem oleada que nunca chocam, nem se atrasam. Correm para responder a tempo aos imensos pedidos da clientela que pausa para almoço dos escritórios e empresas que abundam na zona. A tarde e o jantar têm outro ritmo. Mas está quase sempre cheia, o que só atesta a sua qualidade: o bife do lombo à refeição, e ao lanche o bolo de chocolate com receita própria, o café da casa, ou a ampla variedade de pastelaria.
Se a Versailles estivesse noutro ponto da cidade – na Baixa, no Chiado – seria um daqueles lugares que, pelas suas características, o turismo já teria inundado. Os estrangeiros são ali muito bem vindos, e também se encontram, mas em convivência com a diversidade que torna um lugar realmente interessante: a pessoa que sempre ali esteve, a pessoa que passa de vez em quando, a pessoa que veio do outro lado do mundo e nunca mais voltará. O melhor da Versailles é que não é de todo um café de outros tempos – apesar de também ter isso – é um café que está vivo agora. Pouco dado a reminiscências nostálgicas – também as tem. Podemos procurá-las na linhas sinuosas do mobiliário a evocar a Arte Nova, nos quadros de Benvindo Ceia e nas talhas de Fausto Fernandes, um trabalho que preenche paredes e tetos, donde pendem os lustres; nos amplos espelhos, nos marmoreados, na escala dada pelo pé-direito altíssimo. É o que se chama um clássico, um café à antiga, mas com a velocidade de hoje – e uns croquetes intemporais.
Produtos
& Serviços
Serve pequeno-almoço, almoço, jantar, café e bebidas