A Loja
«Áureo», um adjetivo. Designa a cor do ouro, mas também algo de muito valor, brilhante, magnífico, nobre. Que morada melhor para os ourives, portanto, que a Rua Áurea?
Localizada entre o Elevador de Santa Justa e outra Loja Com História, a Óptica Jomil, a entrada para a Ourivesaria Sarmento é feita a pedido, isto é, toca-se a uma campainha. Isto é prática comum no comércio desta natureza, ou sempre que o acesso se refere a um repertório invulgar de coisas preciosas. O recheio desta loja não é valioso apenas pelo óbvio – o ouro, ou a prata – mas também pelo espólio documental e de instrumentos único. Esta colecção narra uma parte significativa da história desta e de muitas outras ourivesarias em Lisboa e no país, muitas das quais desaparecidas – como a Aliança, a Reis Filhos (no Porto), a Moitinho ou a relojoaria Maury. A colecção inclui também material sobre ourivesarias que ainda podemos visitar, incluso informação preciosa sobre outras Lojas Com História, como a Ourivesaria Barreto & Gonçalves.
Rodrigo Wenceslau Sarmento, um dos proprietários, reuniu já tanta informação sobre o tema que, assim que o tempo lho permitir, sonha em compor um livro. Enquanto isso não acontece, muitas das páginas desse livro-por-ser estão esboçadas nas vitrinas e mostruários da loja. Apesar de esta ser uma loja tradicional por excelência, e ter esta propensão para o acervo que lhe atribui uma aura de (quase) museu, a Ourivesaria Sarmento foi também, e em contraste, uma pioneira entre as lojas congéneres no apoio às novas gerações de autores. O «Espaço Sarmento», que surgiu em 2010, tem um lugar de destaque na loja – logo à entrada – onde promove as jóias de autor de artistas como Filipe Caracol, Ana Sales, Sónia Adonis, Inês Telles ou Leonor Soares Carneiro. A propósito deste «Espaço Sarmento», organiza-se um evento inaugural a cada dois meses, sensivelmente, em que além do trabalho do jovem joalheiro em causa, se selecionam outras peças de artes decorativas.
Fundada em 1870 por João Joaquim Antunes Rebello, terá sido anos depois da fundação que o trisavô dos actuais proprietários, Wenceslau Anthero Lopes Sarmento, se juntou à empresa como funcionário. Nove anos depois tornaram-se sócios, e o nome da firma reflecte a união: «Rebello & Sarmento». Até hoje contam-se seis gerações da família Sarmento que trabalharam na Ourivesaria. Mais tarde irá cair «Rebello», na sequência do falecimento do fundador.
De início, o espaço da loja era pouco mais do que a entrada, ao fundo era um enorme espaço de armazém onde tinha também oficina própria. Com o encerramento desta, e a transferência dos trabalhos de encomendas ou de peças mais distintas para outras oficinas exteriores, foi possível ampliar o espaço comercial. No final dos anos 40 houve uma importante intervenção no espaço por parte do arquitecto Cassiano Branco, amigo da família, e que aproveitando as magníficas abóbadas pombalinas, criou um salão de exposição de pratas, projecto que foi posteriormente alterado. Aparte do acervo e do design contemporâneo, pode adquirir aqui outras peças de produção nacional e peças de joalharia tradicional, nos formatos em que se desdobra qualquer ourivesaria: pulseiras, colares, brincos, alfinetes, anéis, etc. Encontra também as melhores filigranas portuguesas, pratas contemporâneas assim como réplicas dos séculos XVIII e XIX: salvas, taças, caixas, serviços de chá e diversos modelos de faqueiros. Estão também habilitados a fazer avaliações oficiais para diversos fins, feitas por perito formado pela Imprensa Nacional Casa da Moeda.
Produtos
& Serviços
Ourivesaria em filigrana de ouro, prata e prata dourada; joalharia contemporânea de autores portugueses e estrangeiros; pratas portuguesas manufacturadas e exclusivas; 'Espaço Sarmento' — exposições de Artes Decorativas; peritos avaliadores oficiais pela INCM