A Loja
Estamos em 1960. Um dia, ainda Vítor Castro era miúdo e vinha da escola de volta a casa, reparou que à porta da alfaiataria estava uma cruz e a notificação da morte do alfaiate. Comentou com a mãe e, pouco tempo depois, já Maria Cristina Castro escolhia a decoração para a sua nova loja, inspirando-se noutras lojas de Lisboa e entregando o trabalho a um marceneiro de sua confiança. Foi este quem imaginou a porta com grade de arabescos que tanto se evidencia no espaço. Vítor Castro recorda-o pelo curioso nome pelo qual era conhecido: era “o senhor poeta, da Rua dos Prazeres”. Mais tarde veio um pintor de igual mestria encarregar-se da composição floral e o debruado a folha d’ouro que frisa o espaço.
Hoje é Vítor Castro quem cuida do espaço, apesar de ter feito uma carreira numa companhia aérea e não ter escolhido esta vocação. Entendeu que uma loja assim tinha de ser salvaguardada. Hoje são sobretudo os estrangeiros quem mais valoriza o que ali se oferece, apesar do quanto o Sr. Castro se empenhe em mostrar, com um lenço estirado e intensidade na voz:
- “Vejam, a perfeição não tem avesso...!”
A perfeição não tem avesso... A profunda filosofia da frase refere-se a uma evidência específica da arte do bem bordar, que o Sr. Vítor demonstra invertendo várias vezes o mesmo lenço, num efeito impressionante. É que é indistinguível o direito do avesso, a frente do verso. A seu lado, Gertrudes e Maria José são as bordadeiras responsáveis por boa parte das peças mais belas da loja. As restantes vêm de todos os pontos do país que resistem à extinção do bordado manual: Madeira, Viana do Castelo, as rendas de Bilros, as colchas de Castelo Branco, os lenços de namoro do Minho, e outras tradições regionais. Além desta volta a Portugal em maravilhas bordadas, é possível compor aqui enxovais de criança e de noiva, comprar camisas de noite, atoalhados, jogos de cama, capas de edredão, centros de mesa, guardanapos, linhos, faz-se restauros de vestidos e outras peças, aplica-se rendas, trabalhos personalizados, com ideias e pedidos do cliente, tanto a imitar serviços de mesa ou uma simbologia pessoal. Há quem goste de uma flor em particular, de uma ave, de uma borboleta... tudo aqui pode ser bordado à vontade do freguês. Vítor Castro orgulha-se particularmente de ter servido princesas e celebridades, e gosta muito de contar que até a Amália vinha, e que se punha a cantar para as bordadeiras.
Produtos
& Serviços
Enxovais de noiva e bebé, bordados artísticos manuais