A Loja
Abriu no ano em que nasceu Fernando Pessoa, mesmo ali ao lado, no Largo de São Carlos: 1888. Fez furor numa capital onde se ansiava por tudo o que viesse de Paris. Foi uma das primeiras lojas em Lisboa, senão mesmo a primeira, a especializar-se na comercialização de artigos de moda feminina parisiense, tendo contribuído de forma notável para a introdução deste “gosto” na cultura cosmopolita das elites lisboetas. Até à chamada Belle Epoque e à adesão entusiasta aos modos parisienses, a mulher queria-se recatada e modesta. Com a entrada do século XX, surge um modelo de imitação de uma mulher mais atrevida, mais livre, mas ainda livre dentro de imensos espartilhos (literalmente...). Em livros de títulos como Tratado de Civilidade e Etiqueta (condessa de Gencé), Manual da Civilidade e Etiqueta (Beatriz Nazaré) ou a Arte de Viver em Sociedade (Maria Amália Vaz de Carvalho), as raparigas da classe média e alta iam beber tudo o que achavam que precisavam saber sobre formas de se comportar, de se vestir, e de pensar. E replicavam-nas o melhor que podiam. Para esta clientela, uma loja como a Paris em Lisboa era uma catedral. Estava ali tudo o que precisavam para ser a mademoiselle perfeita, dentro e fora de casa.
O jornal “A Folha de Lisboa", em 1894, escrevia: “A especialidade do Paris em Lisboa é em sedas, tecidos de lã, veludos, chapeus, altas phantasias e artigos confeccionados, os quaes saem dos seus ateliers, executados com a maxima perfeccção.(...) Com taes e tantos predicados, não admira, pois, que este novo estabelecimento seja hoje o ponto de reunião da nossa feminilidade elegante, sendo sucessivas e importantes as encommendas que ali se recebem, cada vez augmentando mais e mais os seus creditos. Impossivel se torna, apesar de tudo, ajuizar do valor das nossas palavras, sem entrar na casa a que nos vimos referindo e observar com conhecimento de causa a maneira como n'ella se trabalha, e a profusão de tecidos, ultimos padrões, de figurinos,e, enfim, de todas as minudencias da Moda, que a tornam um verdadeiro centro do hig-life lisbonense, mas do hig-life que tem gosto e aprecia o bom.” (Ah, este artigo faria as delícias de qualquer (des)acordo ortográfico!)
O projecto do espaço foi feito a pensar nesta loja e nas suas necessidades. O piso térreo e o piso superior são originais, só o piso intermédio foi primeiro um atelier. Há imagens de arquivo que mostram dezenas de costureiras e trabalhar ali.
Sempre na mesma família, a loja foi-se adaptando aos tempos e às suas diferentes exigências. Nos anos 30 foram introduzidas as secções de perfumaria, meias e dos artigos de casa. As meias chamadas de vidro, uma novidade, fazem também a sua aparição com enorme sucesso. Entre as décadas de 50 e 70 é inaugurada a secção de malhas e pronto-a-vestir. Com a revolução de 1974 surgem novos hábitos de consumo. Remodela-se a secção de roupas de casa que ocupará toda a loja nos anos seguintes, e põe-se fim à venda de tecidos a metro, encaminhando as clientes para outras Lojas Com História como a Casa Frazão e a Londres Salão. Data de 2006 a última grande alteração, que omitiu as oficinas de costura, hoje tudo trabalhos feitos fora, e alargou a loja aos três pisos existentes. Roupa de cama, de mesa e de banhos são hoje expostas nos três pisos. A escolha de artigos de produção nacional é generosa, mas não exclusiva. Alguns artigos, como pijamas, roupa interior masculina, entre outros; são de produção própria, feitos por costureiras externas. Também se fazem peças por medida. Hoje vende sobretudo roupa de casa, numa oferta de variedade e que se distingue pela qualidade dos materiais.
Produtos
& Serviços
Acessórios; roupas de banho; roupa de cama; roupa de cozinha; roupa de mesa.