A Loja
O Quiosque de São Paulo, situado na Praça de São Paulo, deve o seu aparecimento a Januário da Silva que desde 1903 explorava naquele local, então designado Largo de São Paulo, uma mesa de refrescos onde vendia capilé, tendo em 1914 apresentado um projeto à Câmara para a construção do quiosque.
Registado em escritura com data de início 25/09/1914, a Comissão Executiva da CML deferiu o pedido/requerimento de Januário da Silva, autorizando a colocação do quiosque e o arrendamento do terreno (onde o mesmo assenta), “para venda exclusiva de tabacos, fósforos, artigos de fumadores, jornais, impressos, lotarias e flores” proibindo “trespassar ou sublocar estas licenças, as quais só podem ser usufruídas pelos seus proprietários ou pessoas das suas famílias.”. O referido documento consultado tem data final de 08/07/1944.
Januário da Silva vende o quiosque a António Castanheira em 1920.
Em 1932 a Câmara Municipal outorga a venda e transmissão da “superfície de terreno” a António Castanheira Duarte “pelos motivos que alega para uma cave para arrumação do referido quiosque” e o alvará de licença para exploração do estabelecimento de bebidas alcoólicas a copo, data de 1940. Mais antiga é a licença do Governo Civil para o comércio de venda de vinhos e seus derivados, engarrafados e a copo, que data de 16.11.1936.
O Quiosque de São Paulo terá permanecido na posse da família Castanheira ao longo de três gerações, tendo sido proprietários António Castanheira Duarte, José Manuel Soares Castanheira e, por morte deste, a sua mulher Maria do Rosário Castro da Silva Castanheira.
Os atuais proprietários, Catarina Portas e João Regal da sociedade comercial Quiosque Refresco, Ld.ª , terão adquirido o imóvel em 2014, sendo o estabelecimento comercial explorado atualmente pela empresa Taberna da Rua das Flores, Ldª, arrendatária do Quiosque desde 2020.
O Quiosque de São Paulo, projetado em 1914, é um dos mais antigos quiosques de Lisboa, sempre em funcionamento, com a particularidade de ser um imóvel privado desde 1932.
Cem anos depois de ter sido projetado foi integrado na cadeia Quiosque de Refresco, de Catarina Portas e João Regal, atuais proprietários, sendo atualmente explorado por André Magalhães (jornalista e empresário do ramo restauração e bebidas e também gerente da Taberna da Rua das Flores).
Fruto da visão comercial dos novos proprietários e do gerente, o modelo de negócio implementado assenta na oferta de bebidas, refrescos e petiscos portugueses, bem conhecidos dos lisboetas mas, na sua maioria, caídos em desuso.
Inspirada na oferta antiga e tradicional dos quiosques de Lisboa foi criada uma ementa específica para este estabelecimento, da qual constam sandes de sangacho, sandes de lula frita, sandes de torresmos, ou de presunto e queijo da Ilha, a par com bebidas de groselha, de flor de sabugueiro, capilés ou mazagrans, aperitivos e xiripitis, e os tradicionais galões e garotos, caldinhos, bolos de arroz, rochas e pão-de-leite com marmelada, etc.
O Quiosque de São Paulo é atualmente um dos poucos espaços que oferece um serviço à semelhança dos botequins e licoristas da Lisboa antiga, ao gosto e para gáudio dos apreciadores de sabores e petiscos populares.
